terça-feira, 24 de setembro de 2013

DIÁRIO DE ATIVIDADES X

[aulas de TEATRO DE ANIMAÇÃO EM CAIXAS - professores: Aníbal Pacha e Fernando]
*Projeto de Extensão “Teatro das Coisas – reaproveitamento material e imaterial do mundo”, coordenação: Profº Aníbal Pacha/ ETDUFPA.


Durante duas semanas inteiras eu fiquei às voltas com meu suporte. Estudei as possibilidades visuais do lado de fora dele, que contribuíssem com a dramaturgia da estória e com a composição para minha personagem – sendo esta o segundo elo de ligação entre o publico e o espetáculo apresentado dentro do suporte cênico (pois o primeiro elo de ligação, acredito ser o próprio suporte que já despertará no publico o interesse, abrindo caminho para a ABORDAGEM, IMERSÃO e DESPEDIDA).

Desde o inicio do aprendizado deste método, eu senti muita dificuldade para alcançá-lo, entretanto, graças a minha prática diária de Hatha Yoga acrescida de extensos períodos de meditação; esforço de observação; de mente vazia e disponível para ancorar o processo estudado nas aulas... cheguei às minhas conclusões e fechamento de minha personagem e também do visual fora do meu suporte. Atualmente estou desenhando nele as imagens que ajudarão amarrar a dramaturgia e que também dialogam com minha personagem.

Para aprofundar ainda mais minha compressão sobre o método ensinado pelos professores Aníbal e Fernando, (e também para redigir o relatório pedido por Aníbal) fui à biblioteca da ETDUFPA ler trechos do livro A POSSIBILIDADE DO NOVO NO TEATRO DE ANIMAÇÃO, de  Henrique Sitchin – leitura obrigatória que Aníbal indicou à turma para adentrarmos afundo sobre o processo criativo das IMAGENS DISPARADORAS, termo inicialmente citado por Maurício Kartun. A leitura está sendo agradável, (e como estou achando o livro interessante, acredito que o lerei na íntegra e não apenas trechos pertinentes ao método), mesmo porque fico ouvindo musicas durante a leitura. Isso me ajuda a concentrar e também entrar noutra sintonia mental. Também reforça minha associação de que o momento de leitura/estudo é algo prazeroso (enterrando para sempre meu trauma de infância de quando eu era forçada a ir para escola ler e estudar coisas que não me interessavam...). Minha mente trabalha melhor através de associações de imagens, sentimentos depurados, estímulos de sons, lembranças, movimentos, jogos, etc... flui que é uma beleza!

Além da leitura do livro atualmente, também tentei organizar as anotações do “Caderninho Amarelo de Hellen Katiuscia de Sá”... que é um verdadeiro bacalhau! Há rabiscos; garranchos; desenhinhos nas beiradas das paginas; pedaços de folhas rasgadas dependuradas; papéis amarrotados; recortes outros embutidos. O caderno quase respira com dificuldades... mas em meio ao meu vendavalzinho de possibilidades, eu me encontro e me divirto.

Confesso que à medida que ia lendo as descrições dos exemplos que Henrique Sitchin narrava em seu livro, imediatamente eu atrelava esse processo criativo indutor à criação de roteiros para Stop Motion! Como há dois ou três anos para cá minha mente pensa e vive intensamente Cinema (de animação principalmente!). Achei incrível como as imagens disparadoras (através de associação de duas imagens distintas, formando uma terceira que gera uma tensão dramática através de respostas múltiplas, pode acionar!). Bem que professor Aníbal disse que esse método serve para outros indutores. Acredito que o utilizarei mais para criação de roteiros para Stop Motion e/ou como  possível caminho de Leitura e Desenvolvimento do Olhar, para meus futuros alunos.



Katiuscia de Sá
24 de Setembro de 2013, 14:08h.


domingo, 15 de setembro de 2013

DIÁRIO DE ATIVIDADES – IX

[aulas de TEATRO DE ANIMAÇÃO EM CAIXAS - professores: Aníbal Pacha e Fernando]
*Projeto de Extensão “Teatro das Coisas – reaproveitamento material e imaterial do mundo”, coordenação: Profº Aníbal Pacha/ ETDUFPA.





Na aula de hoje, (domingo - 15/09) a turma continuou a finalização de seus respectivos suportes e as integrantes também evoluíram para enriquecerem seus personagens externos. Eu ainda flutuo muito nesse aspecto. Hoje sentei com profº Fernando e ele executou algumas induções acerca de minha (suposta) personagem (que eu ainda oscilo, não sei exatamente quem seja); entretanto, as suas induções me auxiliaram a compor meu suporte do lado de fora, que eu compreendo que enquanto eu não o finalizar com suas metáforas visuais, necessariamente eu não encontrarei minha personagem externa.

Hoje levamos nossos suportes para casa, e percebo que o meu ainda não está finalizado. No meu quarto eu o observo, analiso, estudo algumas possibilidades imagéticas... para compreender qual metáfora visual ele ainda necessita para dar ‘passagem’ à minha personagem. E nesse processo eu recorro à terceira aula quando Aníbal nos falou sobre a linguagem plástica para compor nossas caixas. Analisando meu suporte em casa, talvez eu tenha encontrado algo para ajudar no desenvolvimento da composição visual dramatúrgica, e por consequência ajudar dar ‘passagem’ à minha personagem. Mas tudo ainda é experimentação, tentativas. Continuarei explorando meus estudos sobre esse ponto.

Não estou tão em crise quanto estava na aula passada. Sinto-me em paz, em harmonia, devido minhas horas de meditação e Hatha Yoga; e acredito que por isso mesmo esse método criativo de Teatro de Animação em Caixas está sendo assimilado com outra velocidade e intensidade. O intrigante é perceber que começo a adoecer... isso sempre acontece quando estou às voltas com atividades ligadas ao Teatro, minha garganta sempre inflama (às vezes até perco a voz; e isso é um dado que reforça minha preferencia ao exercício do Teatro Físico... pois normalmente não requer o uso da voz). Essa curiosidade deve está ligada ao fato de eu ter que superar sempre minha timidez para executar minhas atividades teatrais de contato direto com o publico, e isso afeta em cheio meu Chacra Laríngeo; é minha reação somática ao ter que lidar com minhas tensões para trabalhar essas energias. Já evolui bastante, não sinto mais medo do palco (como no inicio, há oito anos atrás), não fico nervosa, até me divirto bastante e curto entrar em estado de ‘jogo’, e me proponho estar sempre ‘disponível’ para esses processos. Eu enveredei pelo teatro justamente com esta finalidade: superar minha timidez e desenvolver minhas capacidades comunicativas e de interatividade. O Teatro é um incrível portal consciente para o autoconhecimento.

Nossas próximas aulas serão na rua, com o contato direto com o publico. A meu turno continuo investigando meu suporte, tento escutá-lo para alcançar qual metáfora visual ainda está faltando para a ligação dramatúrgica e para ancorar minha personagem.


Katiuscia de Sá
16 de setembro de 2013, 00:48h.




sexta-feira, 13 de setembro de 2013

DIÁRIO DE ATIVIDADES – VIII

[aulas de TEATRO DE ANIMAÇÃO EM CAIXAS - professores: Aníbal Pacha e Fernando]
*Projeto de Extensão “Teatro das Coisas – reaproveitamento material e imaterial do mundo”, coordenação: Profº Aníbal Pacha/ ETDUFPA.





Cheguei atrasada na aula passada e assim que pisei em sala avisei logo Aníbal de que eu estava ainda mais dispersa do que na aula anterior... acho que eles perceberam que me bombardeando de perguntas apenas iriam superativar meu lado racional e lógico, dificultando eu entrar em sintonia com eles (como aconteceu na aula passada); então eles apenas mencionaram o procedimento que eu deveria ter em relação ao desenvolvimento da dramaturgia. Essa clareza das ideias me levou naturalmente ao estado de jogo com eles e a turma, sem maiores esforços.

Estou (por hora) meio que limpando e arrumando o sótão... jogando fora o que não preciso mais. Estou dispersa devido aos períodos meditativos aos quais me dedico plena e profundamente atualmente, e minha dispersão nada mais é do que minhas portas e janelas escancaradas com a luz invadindo. Estou como um dia no campo cheio de ventanias, luz do sol, passarinhos, verde, brandura, leveza... uma criança feliz correndo livre nos Campos do Senhor; e por isso não me policio muito como de costume. Não estou pensando tanto por esses dias. Abraço tudo sem distinção. Esse aspecto interior me ajudou a entrar logo em ‘estado de jogo’ com os professores e a turma, e juntei o quebra-cabeças que Aníbal e Fernando se esforçaram a me explicar na aula anterior; a Doxa foi semeada, enfim.

Confesso que nem fiquei tão feliz assim pela compreensão deste ultimo passo do método. Pois, tanto eu quanto as outras integrantes da turma entramos em crise (já não bastavam minhas constantes crises existenciais...). O que eu achava difícil no inicio do processo, ficou ainda pior. Quem sou eu dentro da dramaturgia que eu desenvolvi? Que personagem de ligação eu dou ‘passagem’ agora? Em meio a esta crise de identidade momentânea, entretanto, alcancei a resposta para minha duvida fomentada na aula passada: sim, eu posso sair do meu roteiro cênico para anexar um elemento de ligação dramatúrgica ao meu projeto. Mas e aí? Quem sou eu nessa representação? Uma das alunas se encontrou, eu e as demais ainda estamos buscando esse hiato.

Eis nosso ‘dever de casa’ para as próximas aulas que serão aos domingos, (para entrarmos nas fases de abordagem; imersão; e despedida com o público). Quem é artista sabe que há períodos que não temos mais família, nem final de semana ou feriados; existe apenas o ‘Fogo Palco’. A dedicação, disciplina e estudo são um sacerdócio para o ator/atriz/bailarino(a).  São nossas raízes que o publico não vê, pois sempre oferecemos nossas flores mais belas. “Todo artista deve ir onde o povo está...”


Katiuscia de Sá
14 de Setembro de 2013, 03:02h.
*ouvindo na madrugada “Tempo Perdido” – Legião Urbana.



*Fotos do processo de papietagem de meu suporte em caixa, assistido de perto pelo profº Aníbal.








DIÁRIO DE ATIVIDADES – VII

[aulas de TEATRO DE ANIMAÇÃO EM CAIXAS - professores: Aníbal Pacha e Fernando]
*Projeto de Extensão “Teatro das Coisas – reaproveitamento material e imaterial do mundo”, coordenação: Prfº Aníbal Pacha/ ETDUFPA.




Cheguei hoje na sala de aula super dispersa... E acredito que pela experiência dos professores Aníbal e Fernando – eles, logicamente, perceberam isso de imediato, e me ‘chamaram’ para dentro da aula de uma maneira bastante enérgica. Bombardearam-me de perguntas acerca ainda da minha construção dramatúrgica. Várias perguntas que me deixaram confusa e levantaram duvidas sobre o que eu já havia decidido (?), e também surgiu outra questão pra mim, em particular: eu posso fugir do texto, mas não do contexto, para formatar minha personagem do lado de fora da caixa? (eu acho que pelo andar da carruagem eu vou utilizar esse processo à minha maneira mesmo, futuramente). Mas vamos ao passo-a-passo sugerido pelos professores.

E haja bombardeio deles até eu reagir. Reagi de forma lógica (de minha parte não haveria outra maneira), argumentando e pensando, até perceber que se tratava do ‘jogo’ que eles queriam que eu entrasse em sintonia, como aconteceu nas outras aulas. Embora achasse muito agressiva e até um pouco brutalizada a abordagem deles, e mesmo assim consegui entrar muito pouco em estado de jogo. Pois quando se é ator(atriz) estamos (pelo menos precisamos estar) ‘disponíveis’. Tentei ficar disponível, e a compreensão me veio feito um fiozinho bem translucido e amarrou-se num lacinho em algum lugar na minha mente, mas tá ainda flutuando dentro da minha cabeça... acho que era a tal da Doxa se manifestando...  o conhecimento está como pequenas peças de um quebra-cabeça, flutuando aparentemente desconexas, mas estão ali.

Como estou me desligando de certas pessoas, lugares, lembranças, situações, etc... estou mesmo bastante dispersa por esses dias. Estou meditando muito, remexendo energias realizando exercícios de desapego. Estou esvaziando meu copo para uma água de outra natureza se derramar sobre mim. Estar apita a caminhar adiante com o peito aberto para o Novo. Estar preparada para novas pessoas, novos lugares, novas situações na minha vida. Acredito que na próxima aula de Teatro de Animação em Caixas estarei mais conectada em sala. Tentarei focar mais.



Katiuscia de Sá
09 de Setembro de 2013, 20:27h.

DIÁRIO DE ATIVIDADES – VI

[aulas de TEATRO DE ANIMAÇÃO EM CAIXAS - professores: Aníbal Pacha e Fernando]
*Projeto de Extensão “Teatro das Coisas – reaproveitamento material e imaterial do mundo”, coordenação: Profº Aníbal Pacha/ ETDUFPA.




Foto que deu origem ao texto-base (abaixo), que resultou na dramaturgia para meu projeto em desenvolvimento nas aulas de Teatro de Animação em Caixa, com os professores Aníbal Pacha e Edson Fernando. (Claro que meu texto tinha de ser ficção e imersa no universo fantástico...).


A MOSCA AZUL (texto-base a partir da leitura da foto escolhida acima).

No instante certeiro, quando o sol estava no cantinho do céu, os tripulantes do planeta “Vergume” desceram no Planalto Central, em Brasília. A nave ao aterrissar queimou a vegetação que havia em volta, porque eles viajavam no tempo e a alta velocidade gerava um fogo ao redor da nave e por isso consumia tudo que encontrava pela frente.

Os tripulantes ao saírem do OVINI caminharam um pouquinho e deram de cara com alguém  que ia ao trabalho; então a Relações Publicas (que era a única tripulante bilíngue) pediu ao transeunte para fotografa-los, pois seria o primeiro registro daquela expedição no Tempo em viagem intergaláctica, que tinha a finalidade de exploração. Eles buscavam um terreno para servir como pista de pouso para as futuras naves desceram ao planeta Terra.

O Capitão, a Relações Publicas e o Cientista da expedição estavam felizes por desembarcarem. Entretanto, cada um tinha um motivo particular ao aceitarem a missão. O Capitão queria tomar banho de sol pelado, pois no seu planeta de origem não existia um sol amarelo como visto no planeta Terra;  a moça bilíngue queria ficar um dia inteiro invisível e transitar por entre as pessoas para aprender como os humanos se comportavam em sociedade; o Cientista queria encontrar a Mosca Azul – inseto responsável por transformar os sonhos em realidade.

Mas, passados dois dias as coisas não foram bem como eles esperavam. O capitão tomou tanto banho de sol que teve que trocar de pele, e também tomou muita água e isso fez esticar bastante sua barriga; a Relações Publicas ficou triste ao notar que seus pés ao pisarem no chão, faziam morrer toda a vegetação ao redor de si. O cientista, porém, encontrou sua Mosca Azul.


Katiuscia de Sá
26 de agosto de 2013, 17:35h.


DIÁRIO DE ATIVIDADES – V

[aulas de TEATRO DE ANIMAÇÃO EM CAIXAS - professores: Aníbal Pacha e Fernando]
*Projeto de Extensão “Teatro das Coisas – reaproveitamento material e imaterial do mundo”, coordenação: Profº Aníbal Pacha/ ETDUFPA.







Dando prosseguimento ao Diário de Atividades nos solicitado pelo professor Aníbal, para registro de todo nosso processo pessoal de aprendizagem nas aulas de Teatro de Animação em Caixas, relato que após me recuperar de meus dois dias à deriva de um esgotamento psicofísico (por conta de acumulo de outras atividades fora essas aulas), minha estafa mental me deu uma trégua... meu rendimento na aula de hoje foi satisfatório. Ainda não estou 100%, mas já bem melhor do que eu estive de sábado passado até o ápice de segunda-feira, quando eu achei que ia mesmo apagar... esse foi meu quarto esgotamento mental que tive ao longo de oito anos de minhas atividades artísticas. Eu sempre vou até meu limite, acho que é um traço pessoal. Enquanto posso caminhar, sigo adiante. Tenho certeza que o dia que eu partir dessa vida, eu estarei ou em cima de um palco, ou num Set de filmagem. Partirei feliz, ao menos!

A aula de hoje foi muito divertida! A turma ficou ocupada com atividades manuais. Confeccionamos uma parte da cenografia de nossas caixas. Estão surgindo trabalhos muito bonitos. Eu já imaginava que seriam, pois os textos produzidos pelas minhas colegas foram de grande qualidade, em minha opinião. Havia também uma formanda da Licenciatura Plena em Teatro (UFPA) entrevistando profº Fernando acerca do Teatro de Animação em Caixas, e depois ela ficou nos observando quase a aula toda para colher informações para seu TCC e também observar a condução de profº Aníbal.

Posso dizer que as primeiras aulas foram horrivelmente árduas, nos deixando confusas, pois tínhamos que compreender o método indutor, seguindo os seguintes passos:
1 – Tema e subtema;
2 – “imagens disparadoras”;
3 – redigir o texto-base para o roteiro teatral, a partir do passo (2);
4 – encontrar a essência do texto;
5 – transformar texto em imagens que falem ao publico;
6 – amarrar a dramaturgia através da composição cenográfica conforme as imagens do passo (5);

Após a aula fui ao cinema assistir “Sede de Paixões”, de Ingmar Bergman, mas o bravíssimo cineasta que me perdoe... saí da sessão após 40 minutos de seu filme, não suportei aqueles personagens neuróticos, mulheres idiotas, homens machistas e imbecis imersos em seus dramas passionais. Tenho profundo desprezo por esses joguinhos de gato e rato entre homens e mulheres. Não alimento isso na vida real, que dirá no cinema. Gente atormentada movida por paixões desenfreadas, levando suas vidas para o buraco... nem na ficção! Recupero-me bem de meu esgotamento, e retornei ao meu estado original: meu cérebro reina em absoluto novamente como um lindo sol de verão num céu nordestino, e aquele feitiço sentimental apartou-se de mim...

Graças a Deus raciocino novamente e assimilo a vida bem claramente (como eu gosto e prefiro). O filme que fui assistir ontem ("Srta. Julia", de Alf Sjöberg) eu ainda consegui digerir, mas a muito contragosto, pois o tema também girava em torno de crises passionais... e essa repulsa é sinal de que me recupero bem de meu esgotamento mental. Não desmerecendo os filmes citados, que indubitavelmente são obras-primas da Sétima Arte, mas o enredo deles é que me desagrada e acho enfadonho, esse tipo de trama gera-me desinteresse. Hoje fui assistir o filme de Bergman, pois o próprio professor nos indicou as obras desse cineasta para nosso exercício de leitura de imagens visando ajudar no desenvolvimento do olhar para o processo de dramaturgia em Teatro de Animação em Caixa; pois Ingmar Bergman é um dos mestres do minimalismo conceitual utilizando imagens. Mas não deu pra eu assistir “Sede de Paixões”, talvez outro filme com tema menos passional desse mesmo cineasta, eu consiga assistir...

O importante é que todos na turma estamos agora no processo mais divertido da dramaturgia. Eu me sinto muito feliz, pois nossos diálogos estão surgindo em forma de imagens, através de um processo totalmente consciente. Eu posso dizer que consegui compreender o caminho que forma o inteligível da obra, por um meio bem racional e não solto, ao bel prazer da inspiração, para este processo de Teatro de Animação em Caixa, especificamente. Como disse Aníbal pra mim nas aulas anteriores: “tu agora vais estar de posse de outra ferramenta, que tu podes agregar a teu próprio processo criativo. Com o tempo tu mesma vai saber adequar o que tu aprendes agora às tuas necessidades enquanto processo criativo, de repente, em outras coisas”.


Katiuscia de Sá
04 de Setembro de 2013, 23:04H.
*ouvindo (a melodia linda demais) da música: “Getting Away With It” (Eletronic  & Pet Shop Boys).


DIÁRIO DE ATIVIDADES – IV

[aulas de TEATRO DE ANIMAÇÃO EM CAIXAS - professores: Aníbal Pacha e Fernando]
*Projeto de Extensão “Teatro das Coisas – reaproveitamento material e imaterial do mundo”, coordenação: Profº Aníbal Pacha/ ETDUFPA.



Nas atividades de Teatro de Animação em Caixa de hoje, além de eu chegar na metade da aula e já ter perdido as explicações preliminares (mesmo já havendo avisado ao professor que me atrasaria), eu estava muito-inteiramente-completamente-intensamente-gravemente-superlativamente esgotada! Quase morta, aliás... tipo: apenas de corpo presente, pois minha mente pensante só desejava minha cama quentinha para fechar meus olhos e apagar de vez! E isso influenciou no meu rendimento na aula. De segunda-feira passada até hoje não tive trégua em minhas atividades. A semana foi puxada tanto nos estudos das aulas de Teatro de Animação, quanto para adaptação/escrita/reescrita/finalização/revisão de um roteiro cinematográfico que vinha trabalhando por esses dias em caráter de urgência. E hoje eu estou à beira de um esgotamento. Contudo, ao finalzinho da aula, consegui evoluir para o próximo passo do método ensinado pelo professor Aníbal.

Foi difícil a imersão. Muito difícil... Mas as metáforas visuais exigidas pelo professor foram chegando à medida que eu compreendia o porquê das perguntas acerca das escolhas dos elementos que gostaríamos que estivessem dentro da caixa. Elas comporão a cenografia e esta será o caminho para a dramaturgia visual acontecer. Realmente no finalzinho da aula, quando eu deixei de raciocinar (devido o cansaço intenso da semana que passou), o sol brilhou no céu da minha mente, e pude linkar tudo. Até falei pra turma sorrindo: “eh! Consegui evoluir hoje! Entendi...”. Realmente eu só consigo assimilar algo quando eu compreendo esse algo, mas se trata de uma compreensão mais profunda, idiossincrásica, uma relação comigo mesma. Esse novo dado se interioriza em mim, fazendo parte de mim, e por isso eu o assimilo e por consequência o compreendo. Torna-se meu, o aprendizado torna-se EU. (Educação Somática).

E também, hoje me senti estranha o dia todo, não pelo cansaço, mas por uma sensação que não sei bem descrever. Até comentei com um amigo hoje enquanto estive metade da tarde na casa dele, que eu me sentia como se estivesse me despedindo de algo, alguém ou lugar. Como se algo tivesse partido, como se um elo tivesse se rompido. Mas isso não me trazia melancolia e sim sentimento de liberdade. Como se eu pudesse antever que eu voaria pra muito longe... que eu visitaria lugares distantes, onde pessoas me aguardam. Era uma sensação que me intrigava, mas me confortava. Como se alguém ou lugar ou coisa que me prendia por me amar muito e me querer por perto, mas que não me compreendesse o suficiente para me fazer feliz, tivesse aberto as mãos e me deixado ir... e essa sensação acrescida ao cansaço, me deixaram deveras sensível hoje durante a maioria do tempo.

Estou esgotada! Parece que mesmo sendo caminhos diferentes para se desenvolver uma dramaturgia, o trabalho do ator sempre flerta com seus próprios limites corporais e mentais. Nunca me senti tão esgotada psicofisicamente quanto estou hoje. Mas estou muito feliz, pois o sol brilhou no céu da minha mente... e haverá inúmeros verões pela frente.


Katiuscia de Sá
02 de Setembro de 2013, 21:43H.




DIÁRIO DE ATIVIDADES – III

[aulas de TEATRO DE ANIMAÇÃO EM CAIXAS - professores: Aníbal Pacha e Fernando]
*Projeto de Extensão “Teatro das Coisas – reaproveitamento material e imaterial do mundo”, coordenação: Profº Aníbal Pacha/ ETDUFPA.




Há três dias reviso minha dramaturgia. Não sai muito do lugar, aparentemente. Engraçado que está acontecendo dentro de meu processo de criação, algo semelhante o que acontecia anos atrás, no período quando eu aprendia Esperanto. Eu estou sonhando com as respostas para minhas interrogações acerca do caminho a percorrer dentro de meu roteiro cênico. Acho que aos poucos me aproximo dessa subjetividade muito delicada e sutil, que o método pede para se poder chegar à essência contida no roteiro cênico.

E acredito que por conta de meu consciente e subconsciente estarem unidos na mesma direção para essa compreensão, eu me sinto atualmente meio que sonambula, sei lá. Como se eu andasse em cima de um muro e de um lado eu enxergasse o concreto das coisas e do outro lado eu enxergasse a sutileza das coisas. Acho que entrei num outro estado. E ainda sinto como se minha mente estivesse completamente compartimentada, fragmentada. Por exemplo: eu penso em algo ou vivo o momento em si (o agora), mas se aparecer outra questão ou pensamento ou algo real relacionado comigo no mesmo instante, o que minha mente estava centrada ‘engaveta’ o que anteriormente eu me detinha e resolvo o que me veio e retorno imediatamente ao pensamento anterior. Antes vinha tudo-de-uma-vez-imediatamente-na-mesma-hora-ao-mesmo-tempo-agora. Percebo meus pensamentos mais organizadinhos, atualmente.

E segundo um dos princípios da Educação Somática, de que tudo está conectado... também atualmente estou às voltas novamente com a linguagem do audiovisual. E esta... realmente não é deste mundo! Sempre compreendi que (realizar) Cinema não é pra quem quer, é pra quem pode. Digo ‘pode’ porque é uma linguagem preferencialmente sensorial ao extremo. E por conta disso minha fala verbal encontra-se bloqueada em alguns momentos (porque a compreensão e via de acesso para o processo criativo do audiovisual se dá por outros caminhos que não é a mesmo da fala/oralidade, é quase uma transmissão de pensamentos (fazendo uma analogia, é claro).

Isso sempre acontece comigo quando estou às voltas com a linguagem do audiovisual. Minha fala verbal não é muito eficaz. Eu penso, compreendo e vejo tudo em imagens mentais e em altíssima velocidade na minha cabeça. Uma compreensão tão veloz que a fala não acompanha em hipótese alguma, então eu fico muda e/ou mais lenta na hora de explicar essas imagens através da oralidade; há muitas vezes que eu nem mesmo verbalizo nada, apenas interiorizo (e depois escrevo). Por isso que uma equipe de produção em audiovisual deve (primordialmente) estar em sintonia o máximo possível uns com os outros antes e durante o Set de filmagem, para fazer acontecer a 'passagem' do filme como obra que está sendo realizada/materializada. É algo mágico. Lindo! Lindo! Algo que emana de alma para alma em todos os envolvidos; por isso a felicidade dos componentes da equipe em contribuir para o nascimento de algo em comum. Fazer cinema é mágico. Sagrado.

Mas atualmente devido eu estar dividida entre: meu processo criativo dramatúrgico para o andamento de meu projeto de Teatro de Animação em Caixa; e também com o desenvolvimento de um roteiro em audiovisual, que deriva de uma adaptação literária... confesso que me sinto num País onde se fala quatro idiomas ao mesmo tempo e eu estou dialogando com os quatro também ao mesmo tempo. O interessante é que cada qual está respeitando o tempo do outro. Acredito que o exercício de observação que o professor nos mandou exercitar constantemente, está me auxiliando a colocar cada coisa no seu devido lugar.

Desde que eu entrei nesse caminho artístico não tive outra intenção, a não ser, desenvolver o máximo possível minhas potencialidades comunicativas, justamente para eu aprender a dialogar com o mundo e interagir melhor com as pessoas, pois sempre fui muito tímida e hermética. E graças a Deus, vou melhorando um pouquinho a cada dia, respeitando sempre meu ritmo.

Acredito que até a aula seguinte eu consiga apresentar ao professor um resultado satisfatório para alcançar o próximo passo dentro de meu projeto de Teatro de Animação em Caixa.


Katiuscia de Sá
31 de agosto de 2013, 14:43H.




DIÁRIO DE ATIVIDADES - II

[aulas de TEATRO DE ANIMAÇÃO EM CAIXAS - professores: Aníbal Pacha e Fernando]
*Projeto de Extensão “Teatro das Coisas – reaproveitamento material e imaterial do mundo”, coordenação: Profº Aníbal Pacha/ ETDUFPA.




Atualmente participo de aulas de Teatro de Animação em Caixa, e na ultima aula a turma engatinhou para o subtema que acompanhará o tema principal para a concretização da dramaturgia desenvolvida por cada aluno da turma, essa dramaturgia acontecerá exclusivamente através de associações de imagens e objetos dentro da caixa.

A ultima aula foi bastante árdua! Confesso que essa linguagem está bastante difícil de penetrar. Meu raciocínio compreende o passo-a-passo, mas minha veia sensível (criativa) esbarra no “método”. Sei que minha criatividade flui (muito bem, obrigada...), quando preciso criar algo cujo estopim é simplesmente a inspiração, entretanto, agora ao utilizar um método para guiar essa criatividade, me sinto como se eu enxergasse nitidamente um paraíso à minha frente, porém eu estivesse separada dele por uma parede de vidro. Desde a ultima aula, estou praticando o exercício mental de leitura de imagens diversas no meu dia-dia, conforme indicou o professor.

Hoje voltei logo pra casa, após uma sessão de cinema, justamente para retomar minha pesquisa referente a esta dramaturgia que temos que desenvolvê-la como ‘dever de casa’ para apresentarmos os resultados na próxima aula. Nem me prendi ao filme “AMÉM” (Costa Gravas), que fui assistir ainda pouco. Não consigo me desligar das palavras do professor; essa busca pela compreensão me instiga! E ao mesmo tempo me enche de motivação para desenvolver meu projeto Teatral de Animação em Caixa.

Devo encontrar essa coerência entre o tema central, o subtema e o caminho apontado pelas “imagens disparadoras”. O que me intriga é que eu compreendo o passo-a-passo do método apresentado nas aulas, porém ainda não consigo adequar meu roteiro cênico (estorinha desenvolvida) à dramaturgia necessária. As imagens que preciso dela, ainda não me estão nítidas e por isso não posso avançar para o próximo passo.

Devo mergulhar na essência, sem me perder da linguagem-mãe que me norteia para a construção dos cenários e recursos cênicos que irão dialogar como o publico. Sinto-me um pouco confusa no sentido linguístico nesse momento. Às vezes sinto e penso, mas esse sentir e pensar não encontram caminho para se fazerem entender através da linguagem falada (e o professor mencionou varias vezes que no Teatro de Animação em Caixa o ideal seria a não verbalização como recurso dramatúrgico). Meu cérebro estanca, e eu fico muda. Como se eu devesse tomar uma decisão rápida bem no meio de uma encruzilhada, onde indica quatro idiomas, e eu devesse escolher apenas UM de imediato para eu me fazer compreender...

O que me consola é saber que as demais alunas também se sentem dessa maneira. Percebo que nesse exercício, mais do que nunca, eu preciso estar com meu lado racional e sensível igualados na balança. Até isso minha vida atualmente está em sintonia com o que devo desenvolver pessoalmente. É impressionante como tudo está conectado.

Hoje será uma longa noite de pesquisas e estudos...
Evoé!


Katiuscia de Sá
29 de agosto de 2013, 21:44h.


DIÁRIO DE ATIVIDADES - I

[aulas de TEATRO DE ANIMAÇÃO EM CAIXAS - professores: Aníbal Pacha e Fernando]
*Projeto de Extensão “Teatro das Coisas – reaproveitamento material e imaterial do mundo”, coordenação: Profº Aníbal Pacha/ ETDUFPA.


Como são as coisas! Hoje pela manhã, tive de resolver uns probleminhas pra minha tia e fiz meu desjejum na casa dela, sem querer (por total desatenção e esquecimento mesmo)  tomei um copo até a tampa de café. (Oh, no!). E o que aconteceu após uns 40 minutos? Eu estava agitadéééééérrima!!!!! Minha mente estava a dois mil por hora, e meu corpo elétrico por causa da cafeína, e então lembrei: “putz! Tomei café...”

Como sou hiperativa, evito (eternamente) alimentos e ambientes que me remetem (mais ainda) a hiperatividade mental e/ou física quando preciso de meu psicofísico interagindo de forma centrada no meu cotidiano; mas busco estímulos quando preciso desse estado dilatado para o teatro ou dança, atividades que pedem meu corpo preparado para o extra cotidiano (o que não era o caso hoje pela manhã), mas como tudo está conectado.... tive um dia lindamente coerente e muito divertido!

Meu raciocínio acelerado me ajudou muito hoje a tarde durante minha aula de teatro a qual explana e nos ensina uma linguagem teatral e abordagem totalmente novas e desafiadoras pra mim: Teatro de Animação em Caixa. As “imagens disparadoras” levam o ator-criador experimentar caminhos criativos muito diferentes para seu desenvolvimento dramatúrgico – próprio para este tipo de teatro – um processo onde a palavra falada/escrita adormece para emergir imagens como ferramenta comunicativa e de ligação entre o expectador e o atuante.

Essa linguagem corteja um pouco com a linguagem de Teatro de Formas Animadas mais pura e resgata a essência da comunicação humana, e isso pede ao actante outro nível de compreensão e relação com as ideias, coisas e palavras. É um refinamento linguístico impressionante! Talvez se eu estivesse com minha mente e meu espirito blasée, (como normalmente eu fico), eu não alcançasse o raciocínio necessário para compreender a aula de hoje.

E após minha aula fui direto assistir um filme na sessão cult no IAP, pois havia combinado com meu amigo de nos encontrarmos lá. Já havíamos nos falado antes pela manhã, e como nos conhecemos há sete anos, eu notei que ele estava meio fechadão, com o semblante um pouco atormentado. Perguntei varias vezes durante nossa conversa, se ele estava bem, mas ele não quis tocar no assunto. Então o convidei pra assistir GOSTO DE CEREJA (Abbas Kiarostami), e foi certeiro! Eu já havia assistido aos meus 23, pelas mãos de meu ex-marido, e o filme àquela época já havia me falado, e ele igualmente levou uma boa mensagem ao meu amigo dialogando com seu momento atual. E após a sessão, meu amigo e eu ainda conversamos mais de duas horas.

E justamente pela minha agitação mental (por causa da cafeína ingerida pela manhã), meus sentidos e pensamento estavam superlativos, acelerados, cleans, objetivos, retos, me ajudando a mergulhar nos assuntos que conversávamos. Graças a Deus minha linha de raciocínio e fluência verbal estavam tão claros que também fui certeira nos conselhos que lhe dei. Como meu amigo também tem dislexia, nós temos meio que uma forma semelhante de absorver e raciocinar sobre a vida, e por isso mesmo falamos a mesma língua. Eu fiquei deveras feliz em tê-lo ajudado a compreender umas sutilezas que pessoas disléxicas, como nós, possuímos e que precisamos lidar todos os dias, umas coisinhas que ele ainda não havia percebido, e por isso mesmo sofria desnecessariamente em algumas situações. Foi como se eu limpasse as lentes de seus óculos e ele agora enxerga melhor a Luz a sua volta... Ganhei meu dia por causa disso.

No final das contas, meu amigo me levou até em casa e aprofundamos mais ainda nossa conversa. Meu presente de hoje foi saber dele, que o que eu havia dito o fez repensar sobre muitas questões que o angustiavam. Fiquei muito feliz de fato, pois meus amigos são a minha família, mesmo com nossas diferenças de pensamento, religião, convicções, etc., são as pessoas que eu amo, respeito muito e que estou sempre disponível, presente e pronta a ajudar!  Realmente meu dia foi lindo hoje. E viva o café, o Teatro, o Cinema e a Educação Somática!
=)
  
Katiuscia de Sá
26 de agosto de 2013, 23:59h