MESTRADO ACADÊMICO EM ARTES – PPGARTES/ICA/UFPA
ESTÁGIO SUPERVISIONADO – 4º e 5º dias: 08 e 22/04/2015
DISCIPLINA: Teatro de
Animação – Prof. Aníbal Pacha
INSTITUIÇÃO: Escola de Teatro
e Dança – Universidade Federal do Pará
CURSO: Licenciatura Plena em Teatro
DIÁRIO DE ATIVIDADES –
Katiuscia de Sá
A DESCONSTRUÇÃO DO CORPO DO ATOR PARA
O TEATRO DE ANIMAÇÃO E A EDUCAÇÃO
SOMÁTICA
Na primeira vez em que eu
trabalhei diretamente com a turma, abri os exercícios do dia com uma aplicação
somática. Adaptei os princípios de um exercício proveniente do Body-Mind Centering®, que tive contato no VII Seminário
de Dança da UFPA, em 2014. O exercício original foi ministrado pela Profª Drª Marilla
Velloso, naquela ocasião. Para eu trabalhar diretamente com os alunos de profº
Aníbal, fiz algumas adaptações nos comandos para esta finalidade. A execução do
exercício tinha como objetivo, foco e correspondência com o assunto tratado no
tópico do conteúdo programático, conforme o andamento das aulas anteriores, que
era a desconstrução do corpo do ator para
o teatro de animação. O exercício foi em dupla. Segue o passo-a-passo:
a) aquecimento: alunos caminham pelo espaço, se olham, e a um
comando escolhem com o olhar com quem desejam executar o exercício. Continuam
caminhando em par. Em seguida escolhem um local na sala e se sentam, mantendo
as duplas.
b) execução: em dois momentos. (toda execução se desenrola ao
som de uma musica instrumental tranquila, relaxante, envolvente). No primeiro
momento, um aluno ampara o outro, onde o primeiro se senta de costas para o
colega, e este o acolhe sobre seu próprio tórax, de forma confortável para
ambos. Então:
1ª)
o aluno que está na frente sendo acolhido, de olhos fechados, vai relaxando e
aos poucos deixando-se completamente ao amparo do colega que o recebe, como se
fosse um boneco totalmente maleável. Seu corpo confia completamente no amparo e
cuidado de quem o acolhe. Nesse estágio o aluno que ampara seu colega deve
perceber o ritmo da respiração deste e adequar o seu próprio ao do colega, (de
forma natural, sem pressa e ao seu tempo). Alcançado isso, acontece o passo
seguinte,
2º)
com ambos atingindo um único ritmo respiratório, o aluno que acolhe o colega,
inicia o processo de concentrar o seu próprio corpo e sentidos para dar vida e
movimento ao colega que está agora sobre sua custódia. Então ele pode brincar
com o colega explorando cuidadosamente quais movimentos este pode executar
(atenta-se nas articulações de braços, pernas, cabeça e o que mais conseguir
ser explorado pelo ‘aluno-aparador’). Após uns 4 a 5 minutos. Pede-se que zerem
os movimentos. O ‘aluno-boneco’ e ‘aluno-aparador’ levantam-se e caminham
novamente pelo espaço, para acordar o corpo. Em seguida escolhem novamente um
local na sala, sentam-se e inverte a posição. Recomeça o exercício, até zerarem
novamente.
*A finalidade subjetiva dessa aplicação visa acionar a consciência de ‘anima’
que o ator-manipulador deve conferir ao seu objeto de cena. A finalidade de
consciência corporal
visa ajudar ao aluno perceber a qualidade de estado de atenção que ele deve
disponibilizar aos movimentos de seu próprio corpo quando está como
ator-manipulador (se ele deve manter-se neutro em relação à cena; ou
participar dela; perceber seu rosto se contraí ou não ao executar determinado
movimento em seu objeto de cena, observar a precisão de seu movimento/gesto
corporal em cena, etc).
Em seguida ao exercício somático, profº Aníbal
introduziu outra dinâmica: todos caminhavam pela sala com velocidade maior (com
a finalidade de ‘acordar’ o corpo); com os alunos ainda caminhando pelo espaço,
o professor colocou uma enorme mala ao centro, e instigou a quem passasse por
perto a abri-la para ver o que havia dentro; depois cada aluno retirava um
boneco que lhe agradasse e deixava no chão; os alunos continuavam a andar
observando agora cada boneco espalhado para definir em definitivo qual
escolheria. Alguns bonecos foram trabalhados individualmente, outros em duplas,
outros em trio. Em seguida, fez-se uma disposição de plateia, e um por um ia à
cena demonstrar como seu boneco funcionaria (já com as explicações sobre
manipulação de bonecos de aulas passadas). No decorrer desse exercício, profº
Aníbal ia reiterando as explicações de forma mais funcional.
*Não houve aula no dia 15, em
decorrência da paralisação dos docentes.
A aula do dia 22/04 foi totalmente
teórica, acontecera numa sala comum com carteiras dispostas em fileiras (até
então, todas as aulas anteriores ocorreram na sala de corpo). Essa mudança de
espaço fez saltar aos olhos como a disposição da sala de aula ‘clássica’ influencia
a postura corporal dos educandos. Em um ambiente mais formal, com os corpos em
repouso adaptado às carteiras, o semblante dos alunos mudou. À minha percepção,
não estavam relaxados, e sim com uma atenção formal e enquadrada ao espaço
reduzido das carteiras; ao passo que na sala de corpo, tanto a disposição
espacial dos alunos, quanto a disposição e organização corporal deles era bem
mais solta, contribuindo para o aspecto mais afetivo favorecendo o aprendizado.
Os alunos ficavam literalmente mais a vontade na sala de corpo (alguns
deitados, outros amontoados afetivamente, outros sentados mais confortavelmente
como lhes aprouvessem). Nesta aula, profº Aníbal explanou sobre alguns aspectos
do teatro de fantoche das regiões do Nordeste brasileiro (mamulengos) focando
na questão cultural de cada local onde esse tipo de teatro se manifestava, influenciando
no caráter popular desse tipo de manifestação e por consequência, um teatro
mais imediato e próximo do cotidiano do publico e por isso mesmo recebendo
respostas imediatas dele, influenciando de sobremaneira para a dramaturgia das
tramas; (nessa aula foram usados os recursos pedagógicos de slides, vídeos
comentados de pequenas apresentações desse tipo de teatro, e um documentário
sobre um ‘mestre bonequeiro’ do Nordeste); na segunda parte da aula seguiram os
comandos para a formatação das intervenções artístico-pedagógicas que os alunos
deveriam executar ao final desta disciplina.