quarta-feira, 29 de abril de 2015

Relato #4 e #5: Estágio Supervisionado à Docência

MESTRADO ACADÊMICO EM ARTES – PPGARTES/ICA/UFPA
ESTÁGIO SUPERVISIONADO – 4º e 5º dias: 08 e 22/04/2015
DISCIPLINA: Teatro de Animação – Prof. Aníbal Pacha
INSTITUIÇÃO: Escola de Teatro e Dança – Universidade Federal do Pará
CURSO: Licenciatura Plena em Teatro
DIÁRIO DE ATIVIDADES – Katiuscia de Sá



A DESCONSTRUÇÃO DO CORPO DO ATOR PARA
O TEATRO DE ANIMAÇÃO E A EDUCAÇÃO SOMÁTICA


Na primeira vez em que eu trabalhei diretamente com a turma, abri os exercícios do dia com uma aplicação somática. Adaptei os princípios de um exercício proveniente do Body-Mind Centering®, que tive contato no VII Seminário de Dança da UFPA, em 2014. O exercício original foi ministrado pela Profª Drª Marilla Velloso, naquela ocasião. Para eu trabalhar diretamente com os alunos de profº Aníbal, fiz algumas adaptações nos comandos para esta finalidade. A execução do exercício tinha como objetivo, foco e correspondência com o assunto tratado no tópico do conteúdo programático, conforme o andamento das aulas anteriores, que era a desconstrução do corpo do ator para o teatro de animação. O exercício foi em dupla. Segue o passo-a-passo:

a) aquecimento: alunos caminham pelo espaço, se olham, e a um comando escolhem com o olhar com quem desejam executar o exercício. Continuam caminhando em par. Em seguida escolhem um local na sala e se sentam, mantendo as duplas.

b) execução: em dois momentos. (toda execução se desenrola ao som de uma musica instrumental tranquila, relaxante, envolvente). No primeiro momento, um aluno ampara o outro, onde o primeiro se senta de costas para o colega, e este o acolhe sobre seu próprio tórax, de forma confortável para ambos. Então:

1ª) o aluno que está na frente sendo acolhido, de olhos fechados, vai relaxando e aos poucos deixando-se completamente ao amparo do colega que o recebe, como se fosse um boneco totalmente maleável. Seu corpo confia completamente no amparo e cuidado de quem o acolhe. Nesse estágio o aluno que ampara seu colega deve perceber o ritmo da respiração deste e adequar o seu próprio ao do colega, (de forma natural, sem pressa e ao seu tempo). Alcançado isso, acontece o passo seguinte,

2º) com ambos atingindo um único ritmo respiratório, o aluno que acolhe o colega, inicia o processo de concentrar o seu próprio corpo e sentidos para dar vida e movimento ao colega que está agora sobre sua custódia. Então ele pode brincar com o colega explorando cuidadosamente quais movimentos este pode executar (atenta-se nas articulações de braços, pernas, cabeça e o que mais conseguir ser explorado pelo ‘aluno-aparador’). Após uns 4 a 5 minutos. Pede-se que zerem os movimentos. O ‘aluno-boneco’ e ‘aluno-aparador’ levantam-se e caminham novamente pelo espaço, para acordar o corpo. Em seguida escolhem novamente um local na sala, sentam-se e inverte a posição. Recomeça o exercício, até zerarem novamente.

*A finalidade subjetiva dessa aplicação visa acionar a consciência de ‘anima’ que o ator-manipulador deve conferir ao seu objeto de cena. A finalidade de consciência corporal visa ajudar ao aluno perceber a qualidade de estado de atenção que ele deve disponibilizar aos movimentos de seu próprio corpo quando está como ator-manipulador (se ele deve manter-se neutro em relação à cena; ou participar dela; perceber seu rosto se contraí ou não ao executar determinado movimento em seu objeto de cena, observar a precisão de seu movimento/gesto corporal em cena, etc).


 Em seguida ao exercício somático, profº Aníbal introduziu outra dinâmica: todos caminhavam pela sala com velocidade maior (com a finalidade de ‘acordar’ o corpo); com os alunos ainda caminhando pelo espaço, o professor colocou uma enorme mala ao centro, e instigou a quem passasse por perto a abri-la para ver o que havia dentro; depois cada aluno retirava um boneco que lhe agradasse e deixava no chão; os alunos continuavam a andar observando agora cada boneco espalhado para definir em definitivo qual escolheria. Alguns bonecos foram trabalhados individualmente, outros em duplas, outros em trio. Em seguida, fez-se uma disposição de plateia, e um por um ia à cena demonstrar como seu boneco funcionaria (já com as explicações sobre manipulação de bonecos de aulas passadas). No decorrer desse exercício, profº Aníbal ia reiterando as explicações de forma mais funcional.











*Não houve aula no dia 15, em decorrência da paralisação dos docentes.


A aula do dia 22/04 foi totalmente teórica, acontecera numa sala comum com carteiras dispostas em fileiras (até então, todas as aulas anteriores ocorreram na sala de corpo). Essa mudança de espaço fez saltar aos olhos como a disposição da sala de aula ‘clássica’ influencia a postura corporal dos educandos. Em um ambiente mais formal, com os corpos em repouso adaptado às carteiras, o semblante dos alunos mudou. À minha percepção, não estavam relaxados, e sim com uma atenção formal e enquadrada ao espaço reduzido das carteiras; ao passo que na sala de corpo, tanto a disposição espacial dos alunos, quanto a disposição e organização corporal deles era bem mais solta, contribuindo para o aspecto mais afetivo favorecendo o aprendizado. Os alunos ficavam literalmente mais a vontade na sala de corpo (alguns deitados, outros amontoados afetivamente, outros sentados mais confortavelmente como lhes aprouvessem). Nesta aula, profº Aníbal explanou sobre alguns aspectos do teatro de fantoche das regiões do Nordeste brasileiro (mamulengos) focando na questão cultural de cada local onde esse tipo de teatro se manifestava, influenciando no caráter popular desse tipo de manifestação e por consequência, um teatro mais imediato e próximo do cotidiano do publico e por isso mesmo recebendo respostas imediatas dele, influenciando de sobremaneira para a dramaturgia das tramas; (nessa aula foram usados os recursos pedagógicos de slides, vídeos comentados de pequenas apresentações desse tipo de teatro, e um documentário sobre um ‘mestre bonequeiro’ do Nordeste); na segunda parte da aula seguiram os comandos para a formatação das intervenções artístico-pedagógicas que os alunos deveriam executar ao final desta disciplina.




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