terça-feira, 31 de março de 2015

Relato #2: Estágio Supervisionado à Docência

MESTRADO ACADÊMICO EM ARTES – PPGARTES/ICA/UFPA
ESTÁGIO SUPERVISIONADO – 2º dia: 24/03/2015
DISCIPLINA: Teatro de Animação – Prof. Aníbal Pacha
INSTITUIÇÃO: Escola de Teatro e Dança – Universidade Federal do Pará
CURSO: Licenciatura Plena em Teatro
DIÁRIO DE ATIVIDADES – Katiuscia de Sá


A PEDAGOGIA COMO CULTURA E A CULTURA COMO PEDAGOGIA


Uma coisa importante na formação dos futuros professores de arte é despertá-los para a questão da Teoria do Currículo: teorias tradicionais; críticas; pós-criticas e teorias depois das pós-criticas, para que eles compreendam essa relação intrínseca entre políticas educacionais, conceitos ideológicos e espaço escolar, com questão que permeiam as entrelinhas dos conteúdos programáticos existentes como "currículo oculto". 

Observei muito o cuidado no discurso pedagógico de prof.º Aníbal durante o repasse das informações referentes ao conteúdo de sua disciplina nesta segunda aula. Esse foi o ponto que mais me chamou atenção. Prof.º Aníbal discorria de forma tão natural e orgânica sobre assuntos transversais, indo direto na parte sensível dos alunos, para que os mesmos atentassem para a valorização da Arte produzida aqui e a construção da identidade cultural local, conscientizando-os sobre o fato do artista ser ao mesmo tempo o sujeito criador que de certa forma também etá educando (em algum grau) o espectador. Essa postura faz com que os alunos atentem para os conteúdos de temas transversais possíveis de serem trabalhados em sala de aula a partir de sua modalidade artística, e também sobre o espaço geográfico cultural e desenvolvimento da comunicação estética entre os valores dos saberes individuais junto ao coletivo numa atividade discursiva.

Como a disciplina requer obrigatoriamente a compreensão e leitura imagética, por se tratar de Teatro de Formas Animadas, o exercício do olhar vai do objeto concreto até atingir o imaginário.


A partir do "imaginário" das coisas, questões como cultura e saber; artista e conteúdo; espaço cultural geográfico e comunicação podem ser traçados. E esse diálogo aberto e discursivo em sala de aula, durante a formação de futuros professores de arte, é o diferencial, pois abre espaço para que aos poucos os agentes se deem conta dessa construção bilateral do saber que as Artes proporcionam.

Profº Aníbal explicou e exemplificou os nomes técnicos e subgêneros do Teatro de Formas Animadas a partir de exemplos locais e através da discussão do imaginário amazônico abriu-se espaço para pôr na roda percepções como:
a) postura sociopolítica incutida na obra do artista;
b) a experiência artística como abordagem metodológica;
c) discussão política sobre a realidade teatral local e nacional;
d) valorização da cultura amazônica como código identitário;

Percebi que a eficácia desse tipo de abordagem pedagógica depende muito da relação horizontal entre professor x aluno, e não funcionaria muito, caso a relação entre eles fosse a “tradicional bancária", como pontua Paulo Freire em suas obras sobre as pedagogias.



Referência:

SILVA, Tomaz Tadeu da. Documentos de Identidade: uma introdução às teorias do currículo. 3ª ed. Belo Horizonte: Autentica, 2010.



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